Nota de Imprensa
O ALMA começa a observar o Sol
17 de Janeiro de 2017
Novas imagens obtidas com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), instalado no Chile, revelaram detalhes sobre o Sol, invisíveis de outro modo, incluindo uma nova vista sobre o centro escuro e contorcido de uma mancha solar com quase o dobro do diâmetro da Terra. As imagens foram as primeiras obtidas do Sol com uma infraestrutura da qual o ESO é parceiro e constituem uma importante expansão à quantidade de observações que podem ser usadas para investigar a física da nossa estrela mais próxima. As antenas do ALMA foram cuidadosamente concebidas de modo a poderem observar o Sol sem que o intenso calor da sua radiação focada lhes cause danos.
Os astrónomos utilizaram as capacidades do ALMA para obter imagens da radiação milimétrica emitida pela cromosfera do Sol — a região que se situa logo por cima da fotosfera e que forma a superfície visível do Sol. A equipa da campanha solar, um grupo internacional de astrónomos com membros da Europa, América do Norte e Leste Asiático [1], produziu as imagens no intuito de demonstrar as capacidades do ALMA no estudo da atividade solar a comprimentos de onda maiores dos que os que se encontram normalmente disponíveis nos observatórios solares na Terra.
Os astrónomos estudam o Sol e investigam a sua superfície dinâmica e atmosfera energética de muitas maneiras há vários séculos. No entanto, para se compreender melhor o funcionamento do Sol, é necessário estudá-lo em todo o espectro electromagnético, incluindo na região do milímetro e do submilímetro, a qual pode ser observada pelo ALMA.
Uma vez que o Sol é muitos milhares de milhões de vezes mais brilhante que os objectos ténues que o ALMA observa normalmente, as antenas ALMA foram especialmente concebidas para poderem obter imagens do Sol com extremo detalhe usando a técnica de interferometria rádio — e evitando assim danos devido ao intenso calor da luz solar focada. Deste trabalho resultaram uma série de imagens que demonstram a visão única do ALMA e a sua capacidade em estudar o nosso Sol. Os dados da campanha de observação solar estão a ser divulgados esta semana à comunidade astronómica mundial, para análise e estudo subsequentes.
A equipa observou uma mancha solar enorme nos comprimentos de onda de 1,25 mm e 3 mm, usando duas das bandas receptoras do ALMA. As imagens revelam diferenças em temperatura entre partes da cromosfera do Sol [2]. A compreensão do aquecimento e da dinâmica da cromosfera é uma área chave de investigação, que será abordada no futuro com o ALMA.
As manchas solares são estruturas transientes que aparecem em regiões onde o campo magnético do Sol é muito forte e se encontra extremamente concentrado. Têm temperaturas mais baixas que as regiões circundantes e é por isso que aparecem relativamente escuras.
A diferença entre as duas imagens deve-se aos diferentes comprimentos de onda da radiação emitida que se estão a observar. As observações a menores comprimentos de onda conseguem penetrar mais profundamente no Sol, o que significa que as imagens a 1,25 mm mostram uma camada da cromosfera mais profunda, e consequentemente mais próxima da fotosfera, que as imagens obtidas a um comprimento de onda de 3 mm.
O ALMA é o primeiro observatório do qual o ESO é parceiro que permite aos astrónomos estudar a nossa estrela mais próxima, o nosso Sol; todas as outras infraestruturas, existentes ou passadas, precisam de ser protegidas da intensa radiação solar de modo a evitar danos. As novas capacidades do ALMA farão com que a comunidade do ESO se expanda para incluir os astrónomos solares.
Notas
[1] A equipa da Campanha Solar ALMA é composta por: Shin'ichiro Asayama, Centro de Apoio ao ALMA do Leste Asiático, Tóquio, Japão; Miroslav Barta, Instituto Astronómico da Academia de Ciências Checa, Ondrejov, República Checa; Tim Bastian, National Radio Astronomy Observatory, EUA; Roman Brajsa, Observatório Hvar, Faculdade de Geodesia, Universidade de Zagreb, Croácia; Bin Chen, New Jersey Institute of Technology, EUA; Bart De Pontieu, LMSAL, USA; Gregory Fleishman, New Jersey Institute of Technology, EUA; Dale Gary, New Jersey Institute of Technology, EUA; Antonio Hales, Joint ALMA Observatory, Chile; Akihiko Hirota, Joint ALMA Observatory, Chile; Hugh Hudson, School of Physics and Astronomy, University of Glasgow, RU; Richard Hills, Cavendish Laboratory, Cambridge, RU; Kazumasa Iwai, Instituto Nacional de Tecnologia de Informação e Comunicação, Japão; Sujin Kim, Instituto de Astronomia e Ciências do Espaço da Coreia, Daejeon, República da Coreia; Neil Philips, Joint ALMA Observatory, Chile; Tsuyoshi Sawada, Joint ALMA Observatory, Chile; Masumi Shimojo (líder da interferometria), NAOJ, Tóquio, Japão; Giorgio Siringo, Joint ALMA Observatory, Chile; Ivica Skokic, Instituto Astronómico da Academia de Ciências Checa, Ondrejov, República Checa; Sven Wedemeyer, Instituto de Astrofísica Teórica, Universidade de Oslo, Noruega; Stephen White (líder da antena única), AFRL, EUA; Pavel Yagoubov, ESO, Garching, Alemanha e Yihua Yan, NAO, Academia de Ciências Chinesa, Pequim, China.
[2] Foi também obtido um mapa de todo o disco solar, a um comprimento de onda de 1,25 mm, com uma única antena ALMA, usando uma técnica chamada scan rápido. A precisão e rapidez da observação obtida com uma única antena ALMA torna possível a produção de um mapa de todo o disco solar em apenas alguns minutos. Estes mapas mostram a distribuição das temperaturas na cromosfera ao longo de todo o disco solar, a baixa resolução espacial, complementando por isso as imagens interferométricas detalhadas das regiões individuais interessantes.
Informações adicionais
O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), uma infraestrutura astronómica internacional, é uma parceria entre o ESO, a Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (NSF) e os Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão, em cooperação com a República do Chile. O ALMA é financiado pelo ESO em prol dos seus Estados Membros, pela NSF em cooperação com o Conselho de Investigação Nacional do Canadá (NRC) e do Conselho Nacional Científico da Ilha Formosa (NSC) e pelo NINS em cooperação com a Academia Sinica (AS) da Ilha Formosa e o Instituto de Astronomia e Ciências do Espaço da Coreia (KASI).
A construção e operação do ALMA é coordenada pelo ESO, em prol dos seus Estados Membros; pelo Observatório Nacional de Rádio Astronomia dos Estados Unidos (NRAO), que é gerido pela Associação de Universidades, Inc. (AUI), em prol da América do Norte e pelo Observatório Astronómico Nacional do Japão (NAOJ), em prol do Leste Asiático. O Observatório ALMA (JAO) fornece uma liderança e gestão unificadas na construção, comissionamento e operação do ALMA.
O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
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Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1703pt |
Nome: | Sun, Sun spot |
Tipo: | Solar System : Star : Feature : Photosphere : Sunspot |
Facility: | Atacama Large Millimeter/submillimeter Array |