Nota de Imprensa
Assinados contratos para espelhos e sensores do ELT
18 de Janeiro de 2017
Numa cerimónia que decorreu hoje na Sede do ESO foram assinados 4 contratos para componentes principais do Extremely Large Telescope (ELT), o telescópio que o ESO se encontra a construir. Os contratos dizem respeito a: moldagem dos espelhos secundário e terciário do telescópio gigante, atribuído à SCHOTT; fornecimento de células de apoio para suportar estes dois espelhos, atribuído ao Grupo SENER; fornecimento dos sensores de borda que formam uma parte vital do sistema de controlo do enorme espelho primário segmentado do ELT, atribuído ao consórcio FAMES. O espelho secundário será o maior espelho alguma vez utilizado num telescópio e também o maior espelho convexo jamais construído.
A construção do ELT de 39 metros, o maior telescópio do mundo a operar no óptico/infravermelho próximo, continua a avançar. O telescópio gigante contará com um complexo sistema óptico pioneiro de cinco espelhos, o qual requer elementos ópticos e mecânicos que levam a tecnologia moderna aos seus limites.
Contratos para o fabrico de vários dos componentes deste telescópio acabam de ser assinados entre o Diretor Geral do ESO, Tim de Zeeuw, e os representantes de três empresas industriais dos Países Membros do ESO.
Na abertura da cerimónia, Tim de Zeeuw disse: “Sinto enorme prazer em assinar hoje estes 4 contratos, cada um deles para componentes avançados do coração do sistema óptico revolucionário do ELT. Estes contratos demonstram bem como a construção deste telescópio gigante avança a toda a velocidade — preparando-se para a sua primeira luz em 2024. O pessoal do ESO aguarda com expectativa trabalhar com a SCHOTT, SENER e FAMES — três parceiros industriais líderes dos nossos Estados Membros.”
Os dois primeiros contratos foram assinados por Christoph Fark, Vice Presidente Executivo da SCHOTT. Cobrem a moldagem dos dois maiores espelhos simples do ELT — o secundário de 4,2 metros e o terciário de 3,8 metros — que serão fabricados em Zerodur©, o material cerâmico de baixa expansão térmica da SCHOTT [1].
Pendurado de cabeça para baixo no topo do telescópio e colocado por cima do espelho primário de 39 metros, o espelho secundário será o maior espelho alguma vez utilizado num telescópio e o maior espelho convexo jamais construído [2]. O espelho terciário côncavo é também uma componente invulgar do telescópio [3]. Os espelhos secundário e terciário do ELT rivalizam em termos de tamanho com os espelhos primários de muitos telescópios de investigação modernos, e pesarão 3,5 e 3,2 toneladas, respectivamente [4]. O espelho secundário será entregue no final de 2018 e o terciário em julho de 2019.
O terceiro contrato foi assinado por Diego Rodríguez, Diretor do Departamento Espacial do Grupo SENER. Cobre o fornecimento de sofisticadas células de apoio aos espelhos secundário e terciário do ELT e os sistemas ópticos ativos complexos associados que garantirão que estes espelhos maciços mas flexíveis mantenham a forma correta e fiquem corretamente posicionados no interior do telescópio. É necessária uma enorme precisão para que o telescópio possa fornecer uma perfeita qualidade de imagem.
O quarto contrato foi assinado por Didier Rozière, Diretor Executivo (FAMES, Fogale) e Martin Sellen, Diretor Executivo (FAMES, Micro-Epsilon), em prol do consórcio FAMES, que é composto pela Fogale e pela Micro-Epsilon. O contrato cobre o fabrico de 4608 sensores de borda para os 798 segmentos hexagonais do espelho primário do ELT [5].
Estes sensores serão os mais precisos alguma vez utilizados num telescópio e podem medir posições relativas com uma precisão de alguns nanómetros. Formam uma parte fundamental do complexo sistema que irá detectar continuamente a posição dos segmentos do espelho primário relativamente aos seus vizinhos, permitindo assim que estes segmentos trabalhem em uníssono para formar um sistema de imagem perfeito. Trata-se de um desafio enorme já que os sensores terão que ser fabricados não só com a precisão pretendida, mas também com a rapidez necessária para que milhares de unidades possam ser entregues em escalas de tempo necessariamente curtas.
A cerimónia de assinatura contou também com a presença de outros altos representantes das empresas envolvidas com o ESO. Tratou-se de uma excelente oportunidade para os representantes das empresas que fabricarão muitos dos componentes ópticos e mecânicos do telescópio gigante se conhecerem de modo informal, no momento em que começam a construir o maior olho do mundo virado para o céu.
Notas
[1] O Zerodur foi inicialmente desenvolvido para telescópios astronómicos no final dos anos 1960. Trata-se de um material com quase nenhuma expansão térmica, o que significa que, mesmo no caso de grandes flutuações de temperatura, o material não se expande. Quimicamente, é muito resistente e pode ser polido até um elevado padrão de acabamento. A camada refletora propriamente dita, composta de alumínio ou prata, é normalmente vaporizada na superfície extremamente lisa pouco antes do telescópio entrar em operação. Muitos telescópios apetrechados com espelhos de Zerodur trabalham há décadas de forma bastante fiável, como por exemplo o Very Large Telescope do ESO no Chile.
[2] Como o espelho secundário será altamente convexo, o seu fabrico trata-se de um desafio considerável e o resultado constituirá um exemplo verdadeiramente notável de engenharia óptica de precisão. Tal como muitos elementos do ELT, este será um trabalho verdadeiramente pioneiro nesta área da tecnologia. O peso total do espelho secundário e do seu sistema de suporte é de 12 toneladas — e uma vez que o conjunto estará pendurado sobre o espelho primário, têm que ser tomadas todas as precauções para que não caia!
[3] A maioria dos grandes telescópios atuais, incluindo o VLT e o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, usam apenas dois espelhos curvos para formar uma imagem. Nestes casos, é por vezes introduzido um espelho terciário para desviar a luz para um foco mais conveniente — utilizando-se normalmente um espelho pequeno e plano. No caso do ELT, o terciário terá também uma superfície curva, já que o uso de três espelhos, em vez de dois, permite a obtenção de uma melhor qualidade de imagem final sobre um grande campo de visão.
[4] O contrato para o polimento do espelho secundário já foi adjudicado.
[5] Nesta fase foram encomendados 3288 sensores (Fase 1 do ELT). Na Fase 2 do ELT serão incluídos uns adicionais 1320, num total de 4608.
Informações adicionais
O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
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Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1704pt |
Nome: | Extremely Large Telescope |
Tipo: | Unspecified : Technology : Observatory : Telescope |
Facility: | Extremely Large Telescope |