Nota de Imprensa
Primeiro mapa meteorológico de uma anã castanha
O VLT do ESO mapeia a superfície da anã castanha mais próxima
29 de Janeiro de 2014
O Very Large Telescope do ESO foi utilizado para criar o primeiro mapa meteorológico da superfície da anã castanha mais próxima da Terra. Uma equipa internacional fez um mapa das zonas claras e escuras da WISE J104915.57-531906.1B, também conhecida pelo nome informal Luhman 16B e uma das duas anãs castanhas recentemente descobertas que formam um par a apenas seis anos-luz de distância. Os novos resultados serão publicados a 30 de janeiro de 2014 na revista Nature.
As anãs castanhas preenchem a lacuna entre os planetas gigantes gasosos e as estrelas frias ténues. Não possuem massa suficiente para dar início à fusão nuclear nos seus centros e apenas conseguem brilhar fracamente nos comprimentos de onda do infravermelho. A primeira anã castanha confirmada foi apenas descoberta há cerca de vinte anos e só se conhecem algumas centenas destes objetos tão evasivos.
As anãs castanhas que se encontram mais próximo do Sistema Solar formam um par chamado Luhman 16AB [1] e situam-se a apenas seis anos-luz de distância, na constelação da Vela. Este par é o terceiro sistema mais próximo da Terra, depois de Alfa Centauri e da Estrela de Barnard, mas só foi descoberto no início de 2013. Foi descoberto que a componente menos brilhante, Luhman 16B, variava ligeiramente em brilho a cada poucas horas, à medida que rodava - um indício de que poderia ter à superfície zonas bem demarcadas.
Os astrónomos usaram agora o poder do Very Large Telescope do ESO (VLT) para, não apenas fotografar estas anãs castanhas, mas também mapear zonas escuras e claras na superfície de Luhman 16B.
Ian Crossfield (Instituto Max Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha), autor principal do novo artigo científico que descreve este trabalho, sumaria os resultados: “Observações anteriores sugeriam que as anãs castanhas poderiam ter superfícies sarapintadas, mas agora podemos de facto mapeá-las. Dentro de pouco tempo, poderemos ver padrões de nuvens a formar-se, evoluir e dissipar-se nesta anã castanha - eventualmente os exometeorologistas poderão prever se um visitante de Luhman 16B poderá contar com céus limpos ou nublados.”
Para mapear a superfície da anã castanha os astrónomos usaram uma técnica inteligente. Observaram as anãs castanhas com o instrumento CRIRES montado no VLT, o que lhes permitiu não somente ver o brilho variável à medida que Luhman 16B roda, mas também observar se as zonas escuras e claras se estavam a mover em direção ao observador ou afastando-se dele. Combinando toda esta informação conseguiram recriar um mapa das zonas escuras e claras situadas à superfície.
As atmosferas das anãs castanhas são muito semelhantes às dos exoplanetas gigantes gasosos quentes, por isso ao estudar comparativamente anãs castanhas fáceis de observar [2] , os astrónomos podem também aprender mais sobre as atmosferas dos planetas gasosos jovens - muitos dos quais serão descobertos num futuro próximo pelo novo instrumento SPHERE, que será instalado no VLT ainda este ano.
Crossfield termina com uma nota pessoal: “A nossa anã castanha ajuda-nos a aproximarmo-nos do nosso objetivo de compreender padrões de clima noutros sistemas solares. Desde tenra idade que fui educado para apreciar a beleza e utilidade dos mapas. É muito excitante começarmos a mapear objetos para além do nosso Sistema Solar!”
Notas
[1] Este par foi descoberto pelo astrónomo americano Kevin Luhman em imagens do satélite de rastreio infravermelho WISE. É conhecido formalmente pelo nome WISE J104915.57-531906.1, mas foi sugerido um nome mais curto para simplificar. Como Luhman tinha já descoberto quinze estrelas duplas, foi adoptado o nome Luhman 16. Seguindo a convenção usual de nomear as estrelas duplas, Luhman 16A é a mais brilhante das duas componentes, Luhman 16B é a componente secundária e referimo-nos ao par como Luhman 16AB.
[2] Os exoplanetas do tipo Júpiter quente situam-se muito próximo das suas estrelas progenitoras, as quais são muito mais brilhantes. Este facto torna praticamente impossível observar o fraco brilho emitido pelo planeta, que se perde no brilho estelar. No caso das anãs castanhas não há nada que domine o ténue brilho emitido pelo objeto e por isso é muito mais fácil fazer medições precisas.
Informações adicionais
Este trabalho foi descrito num artigo científico “A Global Cloud Map of the Nearest Known Brown Dwarf”, de Ian Crossfield et al., que será publicado na revista Nature.
A equipa é composta por I. J. M. Crossfield (Instituto Max Planck de Astronomia [MPIA], Heidelberg, Alemanha), B. Biller (MPIA; Instituto de Astronomia, Universidade de Edimburgo, Reino Unido), J. Schlieder (MPIA), N. R. Deacon (MPIA), M. Bonnefoy (MPIA; IPAG, Grenoble, França), D. Homeier (CRAL-ENS, Lyon, França), F. Allard (CRAL-ENS), E. Buenzli (MPIA), Th. Henning (MPIA), W. Brandner (MPIA), B. Goldman (MPIA) e T. Kopytova (MPIA; Escola Max-Planck de Investigação Internacional de Astronomia e Física Cósmica, Universidade de Heidelberg, Alemanha).
O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. O ESO encontra-se a planear o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e do infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
Links
Contactos
Ian Crossfield
Max Planck Institute for Astronomy
Heidelberg, Germany
Tel: +49 6221 528 406
Email: ianc@mpia.de
Richard Hook
ESO Public Information Officer
Garching bei München, Germany
Tel: +49 89 3200 6655
Telm: +49 151 1537 3591
Email: rhook@eso.org
Margarida Serote (Contacto de imprensa em Portugal)
Rede de Divulgação Científica do ESO
e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço,
Tel: +351 964951692
Email: eson-portugal@eso.org
Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1404pt |
Nome: | Luhman 16B, WISE J104915.57-531906.1 |
Tipo: | Milky Way : Star : Type : Brown Dwarf |
Facility: | Very Large Telescope |
Instrumentos: | CRIRES |
Science data: | 2014Natur.505..654C |
Our use of Cookies
We use cookies that are essential for accessing our websites and using our services. We also use cookies to analyse, measure and improve our websites’ performance, to enable content sharing via social media and to display media content hosted on third-party platforms.
ESO Cookies Policy
The European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere (ESO) is the pre-eminent intergovernmental science and technology organisation in astronomy. It carries out an ambitious programme focused on the design, construction and operation of powerful ground-based observing facilities for astronomy.
This Cookies Policy is intended to provide clarity by outlining the cookies used on the ESO public websites, their functions, the options you have for controlling them, and the ways you can contact us for additional details.
What are cookies?
Cookies are small pieces of data stored on your device by websites you visit. They serve various purposes, such as remembering login credentials and preferences and enhance your browsing experience.
Categories of cookies we use
Essential cookies (always active): These cookies are strictly necessary for the proper functioning of our website. Without these cookies, the website cannot operate correctly, and certain services, such as logging in or accessing secure areas, may not be available; because they are essential for the website’s operation, they cannot be disabled.
Functional Cookies: These cookies enhance your browsing experience by enabling additional features and personalization, such as remembering your preferences and settings. While not strictly necessary for the website to function, they improve usability and convenience; these cookies are only placed if you provide your consent.
Analytics cookies: These cookies collect information about how visitors interact with our website, such as which pages are visited most often and how users navigate the site. This data helps us improve website performance, optimize content, and enhance the user experience; these cookies are only placed if you provide your consent. We use the following analytics cookies.
Matomo Cookies:
This website uses Matomo (formerly Piwik), an open source software which enables the statistical analysis of website visits. Matomo uses cookies (text files) which are saved on your computer and which allow us to analyze how you use our website. The website user information generated by the cookies will only be saved on the servers of our IT Department. We use this information to analyze www.eso.org visits and to prepare reports on website activities. These data will not be disclosed to third parties.
On behalf of ESO, Matomo will use this information for the purpose of evaluating your use of the website, compiling reports on website activity and providing other services relating to website activity and internet usage.
Matomo cookies settings:
Additional Third-party cookies on ESO websites: some of our pages display content from external providers, e.g. YouTube.
Such third-party services are outside of ESO control and may, at any time, change their terms of service, use of cookies, etc.
YouTube: Some videos on the ESO website are embedded from ESO’s official YouTube channel. We have enabled YouTube’s privacy-enhanced mode, meaning that no cookies are set unless the user actively clicks on the video to play it. Additionally, in this mode, YouTube does not store any personally identifiable cookie data for embedded video playbacks. For more details, please refer to YouTube’s embedding videos information page.
Cookies can also be classified based on the following elements.
Regarding the domain, there are:
- First-party cookies, set by the website you are currently visiting. They are stored by the same domain that you are browsing and are used to enhance your experience on that site;
- Third-party cookies, set by a domain other than the one you are currently visiting.
As for their duration, cookies can be:
- Browser-session cookies, which are deleted when the user closes the browser;
- Stored cookies, which stay on the user's device for a predetermined period of time.
How to manage cookies
Cookie settings: You can modify your cookie choices for the ESO webpages at any time by clicking on the link Cookie settings at the bottom of any page.
In your browser: If you wish to delete cookies or instruct your browser to delete or block cookies by default, please visit the help pages of your browser:
Please be aware that if you delete or decline cookies, certain functionalities of our website may be not be available and your browsing experience may be affected.
You can set most browsers to prevent any cookies being placed on your device, but you may then have to manually adjust some preferences every time you visit a site/page. And some services and functionalities may not work properly at all (e.g. profile logging-in, shop check out).
Updates to the ESO Cookies Policy
The ESO Cookies Policy may be subject to future updates, which will be made available on this page.
Additional information
For any queries related to cookies, please contact: pdprATesoDOTorg.
As ESO public webpages are managed by our Department of Communication, your questions will be dealt with the support of the said Department.