Guiando a Via Láctea

Nesta Fotografia da Semana podemos ver quatro poderosos raios laser a serem emitidos pelo Telescópio Principal 4, ou Yepun, do Very Large Telescope (VLT) do ESO no deserto chileno do Atacama. Trata-se da Infraestrutura de 4 Estrelas Guia Laser do VLT, a qual permite aos astrónomos obter imagens extremamente nítidas dos cosmos através duma tecnologia chamada óptica adaptativa.

Com a óptica adaptativa, os telescópios conseguem corrigir os efeitos da turbulência atmosférica responsáveis tanto pelo "cintilar" de estrelas e outros objetos no céu como pela desfocagem das imagens obtidas. Para isso, um espelho deformável muda a sua forma até 1000 vezes por segundo, baseado na turbulência observada. Os astrónomos medem esta turbulência através da monitorização de uma estrela brilhante que se encontre no campo de visão. Se não existirem estrelas apropriadas na zona do céu que está a ser observada, são criadas estrelas artificiais na atmosfera superior da Terra através do uso de lasers. Os lasers nesta imagem têm uma cor amarelo/alaranjada muito específica (com um comprimento de onda de 589 nanómetros), preparada especialmente para excitar átomos de sódio que se encontram a cerca de 90 km de altitude, e fazendo com que brilhem intensamente como uma estrela.

Ao fundo, quase como se quisesse seguir o caminho traçado pelos raios laser, vemos a banda familiar da Via Láctea que se estende ao longo do céu. Vemos também no céu um brilho verde diluído que se trata de um fenómeno conhecido por luminescência atmosférica e é causado por luz emitida naturalmente por átomos e moléculas existentes na atmosfera. A luminescência atmosférica é apenas visível em locais onde o céu é suficientemente escuro e não se encontra afectado por poluição luminosa.