Espreitando através da poeira

Esta Fotografia da Semana mostra uma imagem infravermelha de Sagittarius B1, uma região próximo do centro da Via Láctea, obtida com o Very Large Telescope (VLT) do ESO no Chile. O centro da nossa Galáxia é um meio exótico, densamente populado por estrelas, e tem sido sugerido que a formação estelar é aí mais intensa do que em qualquer outra região da Via Láctea. No entanto, e até agora, apenas encontrámos menos de 10% das estrelas jovens que esperaríamos que existissem na região. Assim, onde estarão as outras? 

Há, contudo, um senão: a nossa visão na direção do centro galáctico encontra-se obscurecida por nuvens de poeira e gás, que bloqueiam a luz emitida pelas estrelas. Com instrumentos infravermelhos é possível espreitar através destas nuvens. Nesta imagem, obtida com o instrumento infravermelho HAWK-I montado no VLT do ESO, podemos ver mais de perto esta região. Esta imagem revela-nos uma miríade de estrelas. Num estudo recente, uma equipa de investigadores, liderada por Francisco Nogueras Lara (MPIA Heidelberg, Alemanha), descobriu que esta região alberga um excesso de estrelas jovens, com uma massa combinada de mais de 100 000 vezes a massa solar. Este é um importante passo em frente na nossa procura de todas as estrelas jovens que pensamos existir nas regiões centrais da Via Láctea, para assim compreendermos melhor como é que as estrelas evoluem neste meio tão invulgar.

Esta imagem foi obtida no âmbito do rastreio GALACTICNUCLEUS, cujo objetivo é obter imagens infravermelhas de alta resolução do centro galáctico. Com o auxílio de futuros instrumentos infravermelhos do ESO, tais como o ERIS do VLT ou o MICADO do próximo Extremely Large Telescope (ELT) do ESO, a equipa espera poder estudar as estrelas com muito mais detalhe, o que levará a uma melhor compreensão da evolução do centro da Via Láctea.