Umas boas vindas poeirentas

A silhueta de uma pessoa acolhedora destaca-se contra um dos Telescópios Auxiliares (ATs) no Observatório do Paranal do ESO, no deserto chileno do Atacama, enquanto a mancha escura que é a Nebulosa do Saco de Carvão "acena majestosamente" no meio do céu noturno.

Este é um dos quatro Telescópios Auxiliares de 1,8 metros do Very Large Telescope do ESO, o qual inclui ainda quatro primos gigantes de 8,2 metros, os Telescópios Principais (UTs). Dependendo das necessidades de cada projeto observacional, assim os ATs são reposicionados em (até) 30 posicões de observação diferentes situadas ao longo de um sistema de carris, para trabalharem em conjunto como parte do Interferómetro do VLT. O interferómetro combina a radiação de objetos celestes colectada pelos ATs, ou pelos UTs, utilizando uma técnica conhecida por interferometria, técnica esta que permite aos astrónomos observar o cosmos com um detalhe extraordinário. 

A Nebulosa do Saco de Carvão é a nebulosa escura mais proeminente do céu. No hemisfério sul, estas nuvens escuras são mais distintas que no céu setentrional. Muitas culturas identificam padrões nestas nebulosas escuras, como, por exemplo, o povo mapuche do Chile, que chamava à Saco de Carvão pozoko, o que significa “poço de água”.

Uma vez que é rica em poeira, a Nebulosa do Saco de Carvão absorve e dispersa a maior parte da radiação estelar visível emitida por estrelas situadas atrás dela. Contudo, estas estrelas obscurecidas podem brilhar através da poeira quando observadas a comprimentos de onda infravermelhos, os quais atravessam a poeira quase sem impedimentos.