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O futuro de Alfa Centauri
Uma oportunidade rara para busca de planetas em Alfa Centauri prevista para 2028
20 de Outubro de 2016
Um evento muito raro de lente gravitacional, que ocorrerá em 2028, foi previsto por uma equipa de astrónomos franceses liderada por Pierre Kervella do CNRS/Universidad de Chile. Este fenómeno proporcionará a oportunidade ideal para se procurar evidências de um planeta em torno de uma estrela próxima.
Utilizando dados, tanto novos como de arquivo, obtidos com os telescópios do ESO [1], a equipa previu a trajetória do duo estelar em movimento rápido conhecido por Alfa Centauri A e B, com erro desprezável. Isto permitiu prever todos os alinhamentos próximos até 2050 entre o par Alfa Centauri e as estrelas que se situam próximo dele no céu — mas que se encontram de facto muito mais longe no espaço [2].
Embora seja bastante satisfatório prever o futuro com elevado grau de precisão, esta é não a principal recompensa destes resultados; estes fenómenos dão uma oportunidade única para a procura de planetas no sistema Alfa Centauri, ao permitirem a busca de eventos de lentes gravitacionais secundárias. As lentes gravitacionais ocorrem quando um objeto massivo, tal como uma estrela, deforma o espaço à sua volta. A luz — vinda de um objeto distante — que passa próximo da estrela no seu trajeto até nós, segue um percurso curvo através desse espaço deformado. A estrela mais próxima atua como uma lente, curvando a luz do objeto distante. Nos casos mais impressionantes, este efeito pode dar origem a um anel de Einstein, um círculo de luz em torno da estrela mais próxima. Uma vez que a quantidade de massa da estrela próxima determina exactamente como é que a luz é defletida, desvios no efeito de lente gravitacional esperado podem ser usados para determinar a presença, e as massas, de planetas.
Um dos alinhamentos previstos por este estudo acontece entre a estrela mais massiva do par Alfa Centauri, chamada Alfa Centauri A, e uma estrela distante de fundo — provavelmente uma gigante vermelha — chamada S5. Em maio de 2028, existe a forte possibilidade da luz da S5 dar origem a um anel de Einstein em torno de Alfa Centauri A, observável através dos telescópios do ESO [3], o que nos dará a oportunidade única de procurar objetos planetários ou de baixa massa no sistema estelar mais próximo de nós. Isto é particularmente entusiasmante no seguimento da recente descoberta do planeta Proxima b, o qual orbita a terceira estrela do mesmo sistema estelar, a Proxima Centauri.
Notas
[1] Devido às enormes distâncias envolvidas, a medição dos verdadeiros movimentos da maioria das estrelas é extremamente difícil e requer medições incrivelmente precisas e observações extensas. A equipa de astrónomos utilizou dados colectados em 2007 pelo New Technology Telescope (NTT) e observações novas feitas pelo instrumento NACO montado no Very Large Telescope (VLT). Estes dados foram complementados com dados do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para obter medições de alta precisão das posições relativas de Alfa Centauri A e B.
[2] Devido à proximidade do sistema Alfa Centauri ao plano da Via Láctea, o distante campo estelar encontra-se densamente populado; este aspecto deu à equipa a excelente oportunidade de encontrar uma estrela de fundo que estivesse quase perfeitamente alinhada com uma das estrelas do par Alfa Centauri.
[3] O evento poderá ser observado pelo instrumento GRAVITY montado no Interferómetro do VLT (VLTI), pelo ALMA e pelo futuro European Extremely Large Telescope (E-ELT), o que dará uma boa oportunidade de determinar a massa de qualquer planeta com um elevado grau de precisão.
O ALMA, uma infraestrutura astronómica internacional, é uma parceria entre o ESO, a Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (NSF) e os Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão, em cooperação com a República do Chile.
Mais informação
Este trabalho foi descrito num artigo científico que será publicado a 19 de outubro de 2016 na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics (Kervella et al. 2016, A&A, 594, A107).
A equipa é composta por P. Kervella, CNRS UMI 3386, Universidade do Chile e LESIA, Observatório de Paris; F. Mignard, Observatório da Côte d’Azur, França; A. Mérand, ESO; e F. Thévenin, Observatório da Côte d’Azur, França.
Links
- Artigo científico: http://www.aanda.org/10.1051/0004-6361/201629201
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Pierre Kervella
Departamento de Astronomía, Universidad de Chile
Camino El Observatorio 1515
Las Condes
Santiago, Chile
Email: pkervell@das.uchile.cl
Frédéric Thévenin
Observatoire de la Côte d'Azur
Boulevard de l’Observatoire
Nice, França
Email: Frederic.Thevenin@oca.eu
Tel: +33 4 92 00 30 26
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