Nota de Imprensa

Um Enxame de Estrelas Antigas

8 de Dezembro de 2010

Conhecemos cerca de 150 enxames globulares, verdadeiras colecções de estrelas velhas, que orbitam a nossa Galáxia, a Via Láctea. Esta imagem muito nítida de Messier 107, obtida com o instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio de 2.2 metros no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, mostra a estrutura de um destes enxames globulares extremamente detalhada. Estudar estes enxames estelares revela-nos muito sobre a história da nossa Galáxia e de como as estrelas evoluem.

O enxame globular Messier 107, também conhecido como NGC 6171, é uma antiga e compacta família de estrelas situada a cerca de 21 000 anos-luz de distância. Messier 107 é uma metrópole bastante activa: milhares de estrelas em enxames globulares como este estão concentradas num espaço que é apenas cerca de vinte vezes a distância entre o nosso Sol e a nossa vizinha estelar mais próxima, Alfa Centauro. Um número significativo destas estrelas evoluíram já para a fase de gigante vermelha, um dos últimos estádios da vida das estrelas, apresentando uma cor amarelada nesta imagem.
 
Os enxames globulares encontram-se entre os objectos mais antigos do Universo. E como as estrelas no seu interior se formaram a partir da mesma nuvem de matéria interstelar e aproximadamente ao mesmo tempo - tipicamente há cerca de 10 mil milhões de anos - são todas estrelas de pequena massa, uma vez que estrelas leves queimam o seu combustível de hidrogénio muito mais lentamente do que as estrelas de grande massa. Os enxames globulares formaram-se durante as fases iniciais de formação das suas galáxias hospedeiras e por isso o estudo destes objectos fornece-nos informação importante sobre a evolução das galáxias e das estrelas que as compõem.

Messier 107 tem sido objecto de observações intensivas, sendo um dos 160 campos estelares seleccionados para o rastreio Pre-FLAMES - um rastreio preliminar efectuado entre 1999 e 2002 com o telescópio de 2.2 metros instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, no intuito de se encontrarem estrelas adequadas para serem observadas posteriormente com o instrumento espectroscópico do VLT, FLAMES [1]. Utilizando o FLAMES é possível observar até 130 objectos duma só vez, o que torna este instrumento particularmente adequado para o estudo espectroscópico de campos estelares densamente populados, como é o caso dos enxames globulares.

M107 é não visível a olho nu, mas com uma magnitude aparente de cerca de 8, pode ser facilmente observado a partir de um sítio escuro com binóculos ou um pequeno telescópio. O enxame globular tem cerca de 13 minutos de arco de extensão, o que corresponde a cerca de 80 anos-luz para a distância a que se encontra. Situa-se na constelação de Ofiúco, a norte das pinças do Escorpião. Aproximadamente cerca de metade dos enxames globulares conhecidos na Via Láctea situam-se nas constelações de Sagitário, Escorpião e Ofiúco, na direcção geral do centro da Via Láctea. Isto deve-se ao facto de todos eles terem órbitas alongadas em torno da região central, sendo por isso, em média, mais fáceis de observar nessa direcção.

Messier 107 foi descoberto por Pierre Méchain em Abril de 1782 e foi acrescentado à lista dos sete Objectos de Messier Adicionais que não tinham sido originariamente incluídos na versão final do catálogo de Messier, publicada no ano anterior. Em 12 de Maio de 1783, este objecto foi re-descoberto independentemente por William Herschel, que conseguiu, pela primeira vez, resolver o enxame globular em estrelas individuais. Mas foi apenas em 1947 que este enxame globular tomou o seu lugar no catálogo de Messier como M107, o que o tornou no mais recente enxame estelar a ser acrescentado a esta famosa lista. 

Esta imagem é composta por diversas exposições obtidas com os filtros azul, verde e infravermelho próximo do instrumento Wide Field Camera (WFI) instalado no telescópio de 2.2 metros situado no Observatório de La Silla, no Chile.

Notas

[1] Fibre Large Array Multi-Element Spectrograph

Informações adicionais

O ESO, o Observatório Europeu do Sul, é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO é  financiado por 14 países: Áustria, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronómico, no visível, mais avançado do mundo e o VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio  ALMA, o maior projecto astronómico que existe actualmente. O ESO encontra-se a planear o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 42 metros que observará na banda do visível e próximo infravermelho. O E-ELT será “o maior olho no céu do mundo”.

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Este texto é a tradução da Nota de Imprensa do ESO eso1048, cortesia do ESON, uma rede de pessoas nos Países Membros do ESO, que servem como pontos de contacto local com os meios de comunicação social, em ligação com os desenvolvimentos do ESO. A representante do nodo português é Margarida Serote.

Sobre a Nota de Imprensa

Nº da Notícia:eso1048pt
Nome:Messier 107
Tipo:Solar System : Star : Grouping : Cluster : Globular
Facility:MPG/ESO 2.2-metre telescope
Instrumentos:WFI

Imagens

The globular star cluster Messier 107
The globular star cluster Messier 107
apenas em inglês
The globular star cluster Messier 107 in the constellation of Ophiuchus
The globular star cluster Messier 107 in the constellation of Ophiuchus
apenas em inglês

Vídeos

Zooming in on the globular star cluster Messier 107
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